Após a polêmica gerada pelo aumento de cerca de 30%
nas contas de luz que entrou em vigor nesta quinta-feira (21), a
CEEE-Distribuidora (CEEE-D) comunicou que o reajuste não terá efeito
direto em seus cofres nem ajudará a fazer novos investimentos. Segundo a
companhia, a alta será repassada principalmente para compensação de
perdas financeiras anteriores e custos de transmissão de energia.
–
Sei que é difícil falar aos clientes que as tarifas subirão cerca de
30% e nada ficará com a empresa. O que acontece é que repassaremos a
alta, basicamente, para custos de energia e encargos de transmissão. O
percentual foi tão alto porque havia perda acumulada ao longo do tempo –
afirmou o diretor de distribuição da CEEE, Júlio Elói Hofer, em
entrevista realizada em Porto Alegre.
O reajuste anual nas tarifas havia sido autorizado
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na terça-feira. Com a
decisão, haverá aumento de 29,29% para os consumidores residenciais e
de 33,54% às indústrias. O direito de a CEEE-D reajustar as tarifas
havia sido suspenso em novembro por conta da inadimplência da companhia. Nos últimos dias, a empresa renegociou dívidas e, com isso, tornou-se apta a aplicar o aumento.
– Trabalhamos com muitas dificuldades. Precisamos de reajustes para que a companhia busque o equilíbrio – relatou Hofer.
Em
média, o efeito das altas para consumidores residenciais e industriais
será de 30,62%. Desse total, a maior parcela (16,38%) resulta de
compensações de quedas anteriores na receita, como a causada pela Medida
Provisória (MP) 579, que reduziu os preços cobrados em 2012. O segundo
maior impacto é referente a repasses para custos do sistema de
transmissão (10,12%), também por conta MP 579.
No
sentido inverso, a composição do reajuste aponta que a parcela que
ficará com a CEEE-D teve redução de 0,43%. Diante disso, o presidente da
CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, afirmou que a companhia está
elaborando estudo para tentar buscar, junto à Aneel, uma nova
recomposição. A intenção seria cobrir custos não contemplados pelo
aumento já em vigor.
– A CEEE
tem um grande desafio pelo fato de repassar a maior parte do que
recebe. O modelo elétrico no país não representa mais as necessidade do
setor – criticou.
O grupo
CEEE é dividido em duas empresas: a CEEE-D, responsável por levar
energia até o consumidor final, e a CEEE-GT, com a incumbência de gerar
eletricidade em usinas e transportá-la por meio de linhas de transmissão
e equipamentos complementares. A parte que distribui luz para cerca de
um terço da população do Estado tem a situação financeira mais
problemática.
Durante a tarde desta quinta, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-RS) confirmou que entrará com ação contra o reajuste. Pela manhã, a OAB-RS participou do encontro convocado pela companhia para esmiuçar a alta nas tarifas.
"Faltou
sensibilidade da CEEE para debater esse reajuste. Esses valores não são
para investimentos, mas para fazer caixa. Tem algo errado nessa
situação", opinou presidente da Ordem no RS, Ricardo Breier.
A divisão da fatura
A
CEEE-D apresentou dados o percentual das contas de luz endereçado à
empresa. Após o reajuste na tarifa, de cada R$ 100 pagos pelos
consumidores, apenas R$ 14,30 ficam com a companhia. Do total, a maior
parcela (R$ 33,20) refere-se ao pagamento de tributos (ICMS e
PIS/Cofins).
FONTE: GAÚCHAZH







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